Brasília. 26 de maio de 2012.
Percebemos ao longo da história
as transformações ocorridas no universo feminino, a ida da mulher ao mercado de
trabalho, o feminismo. Com o tempo as mulheres cansaram de ser coadjuvantes e
quiseram ser donas de sua própria história. Mas parece que ainda hoje predomina
a existência de uma sociedade machista, onde ainda percebemos os reflexos que
vem principalmente pelo conservadorismo patriarcal, da igreja, e de mulheres
que muitas vezes no papel de mães ainda cedo ensinam suas filhas a cuidar da
casa, enquanto seus irmãos crescem no conceito de que precisam ser mimados e
que mulheres devem servi-los de todas as maneiras, respeita-los e ser omissas.
É comum ainda em pleno o século
XXI escutarmos coisas do tipo: Lugar de mulher é na cozinha, ou a mulher quando
se veste de maneira sensual dá motivo para o estupro. Muitos reclamam do feminismo,
porque dizem que as mulheres quererem ser iguais aos homens, mas acredito que
as pessoas costumam confundir essa questão de propósito, as mulheres lutam pelo
respeito e reconhecimento. Já ouvi muito homem dizer que mulher não deveria
reclamar de chegar em casa cansada pois esse era o preço do feminismo.
O ideal da mulher com a revolução
feminina é ser livre, mas parece que estamos sempre um passo atrás dessa
realidade. Se por um lado temos uma lei como a Maria da Penha que nos protege,
homens que se mostram maravilhosos e o estupro considerado um crime hediondo;
existe por outro lado um sistema que manipula e vende a imagem feminina. Esse
sistema manipula a cabeça de homens e mulheres, dita formas de comportamento,
atingindo até mesmo crianças.
Pois bem, anos e anos se passaram
e nós mulheres além de ainda sermos vistas como objetos também vivemos sob a
ditadura da beleza, daquele padrão único de beleza, da perfeição inatingível
criada para as mulheres seguirem e os homens julgar, onde não há espaço para
gordas, para as meninas de cabelos crespos, baixinhas demais ou altas demais. A
verdade é que se você não é magra como uma francesa ou uma loira gostosa como
as meninas de programa de auditório e propagandas de cervejas, não é bela o
suficiente. Não só por esse motivo, mas por muitos outros, milhares de mulheres
sofrem em segredo.
Diante disso, a Marcha das Vadias
que aconteceu nesse sábado dia 26/05 em diversos cantos do planeta e aqui em
Brasília sob o sol de outono e a inesperada chuva da tarde, tem grande valor,
em média aqui na capital, 1.500 mulheres, dentre essas alguns homens e crianças
que davam voz aos seus ideais.
A Marcha das Vadias propõe que a sociedade
seja mais consciente, e se somos vadias é porque, somos livres, temos ideais,
queremos ter o direito sobre o nosso corpo, de poder abortar, porque não
gostamos de ser coagidas, vistas como objeto, por não querermos mais ser
maltratadas por companheiros e até por pais.
O que se pode concluir com a
Marcha da Vadias é que além do feminismo deveríamos refletir em todas essas
questões que faz de todos nós seres humanos, e que todos nós independentes de
gênero, cor, nacionalidade, classe social, merecemos o devido respeito.
E nós vadias, também, porque
somos mulheres, somos humanas.
Juliana Farias.
La Vivienda Libre:
Renan Santana
Juliana Farias.
Texto:
Juliana Farias.
Captação de Imagens e edição:
Renan Santana.
Trilhas:
Hot and Spicy (Band and Punches)
Island Party (Pool Side)
Orleans Romp (Accordian)
Domínio Público.
Agradecimentos:
Marcha das Vadias de Brasília
Organização do Movimento em Brasília:
https://www.facebook.com/marchadasvadiasdf